O P. é muito envergonhado e quando chega a algum sítio novo não encara as pessoas de frente, exceto quando estamos a falar de crianças. Aí a vergonha, não se sente.
Se há coisa que eu gosto é de pessoas educadas, e tento passar esse cuidado para os miúdos. Portanto, seja ele envergonhado ou não, terá de cumprimentar as pessoas onde chega. Não há volta a dar. As desculpas do “ele está com sono”, do “ele é envergonhado” ou qualquer outra, não funcionam cá em casa. Ainda ontem no dentista assim foi. Estivemos quase um minuto à espera que ele dissesse bom dia à auxiliar da dentista. Mas o que é certo é que disse. Baixinho, mas disse.
Quando digo cumprimentar refiro-me a dizer “bom dia / boa tarde” não obrigatoriamente beijos. Aliás, sem ser a família mais próxima, não gosto muito que eles beijem, mesmo sendo na face, desconhecidos, mas isso são outros quinhentos.
A educação, dizia já a minha avó, vem do berço e acho mesmo muito importante o respeito pelo outro.
Este fim-de-semana fiquei chocada. Fui a um restaurante jantar com um grupo de pessoas, amigos e conhecidos, mais formados (academicamente) e menos formados, mais ricos e menos ricos, e fiquei chocada. A forma como uma das pessoas tratava a menina que nos servia era tudo aquilo que eu repudio. Era das mais formadas academicamente e das mais ricas da sala. Frio, rude e pouco educado são palavras simpáticas para aquele comportamento. Nunca utilizou a palavra obrigado, nunca a palavra por favor. E a rapariga, nunca, mas nunca perdeu o encanto e a simpatia. Fiquei chocada que tive de tomar uma medida. Perguntava à pessoa em causa o que pretendia e eu, depois, educadamente fazia o pedido ou o reparo.
Ando a pensar na rapariga desde que saí daquele bendito restaurante. Do que deve passar diariamente no seu local de trabalho. Da estupidez humana que deve aturar. Da imbecilidade que deve ter de engolir e continuar a sorrir; porque sabe que se não o fizer, provavelmente o seu ganha pão, o sustento dos seus ficará em risco. Peço-lhe aqui desculpa. Peço desculpa a todos que diariamente lidam com a falta de educação dos outros. E sobretudo, ficam aqui com a certeza, que tentarei com que os meus filhos não sejam essas pessoas do amanhã. Que sejam sempre simpáticos e respeitadores e que do seu vocabulário quotidiano façam parte as palavras bom dia, por favor e obrigado.
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