Quando li o livro #Geração Cordão percebi que por vezes não dou o melhor exemplo aos meus filhos: se quero que eles estejam desligados das novas tecnologias, se quero que a nossa família tenha diálogos sem ser sobre o que dá na televisão ou através de um chat de Facebook, decidi dar eu o primeiro passo. 24 horas sem telemóvel.
Para ser um desafio mais estimulante convidei a participar algumas bloggers com que trabalho/convivo: a Catarina Mesquita Gonçalves, a Carina Pereira e a Diana Brito. Mal coloquei o anúncio que o iria fazer, vários seguidores dos quatro blogs se comprometeram a fazê-lo, nomeadamente o Mário, com 16 anos.
Vamos começar pelo fim. Pedi ao Mário que me escrevesse como tinha sido o seu dia. Detalhadamente. Pedi para que me explicasse porque decidiu aceitar o desafio e sobretudo o que sentiu mais falta. Essa descrição está no fim deste post. É incrível, como os jovens só têm noção do que se passa à sua volta quando se desligam.
Revejo-me muito naquilo que ele escreveu. Eu própria reparei em coisas que normalmente não reparo e sobretudo senti que a minha dependência está entranhada em mim. Instintivamente, fui várias vezes aos bolsos das calças “à procura” do telemóvel. Instintivamente, andei tipo barata tonta sem saber o que fazer… E claro, quando queria a receita que tinha gravado no Evernote… não deu – tive mesmo de me readaptar e cozinhar algo diferente.
O dia começou com uma limpeza da casa. Organizar brinquedos, roupas, livros. Tudo para começar setembro na ordem. Depois almoçamos e enquanto o Miguel (e o Pai) foram dormir a sesta, eu e o mais velho soltamos a veia artística na cozinha.
Quando acordaram, fomos até ao parque brincar. Voltamos para comer um gelado, jantar e adormecer os meninos. Já depois dos miúdos deitados, foi a fase do dia que mais me custou. Peguei no livro que estava na mesinha da cabeceira e devorei-o em minutos. Passou a meia noite e eu nem dei por ela. Quando o Pedro se veio deitar (sim, ele esteve a ver TV e eu fugi!) reparei que era quase 1h. Liguei-me e percebi que não é assim tão difícil ficar 24h sem telemóvel – agora não me peçam para tirar o chocolate da minha vida!
Irei repetir, dia 2 de Outubro, segunda-feira. Quem alinha ou volta a alinhar?
Até lá ficam as fotografias do meu dia.
Aceitei o desafio do bloga8 que tornou o meu feriado de 15 de Agosto extremamente diferente. O meu #notechday foi absolutamente diferente. Há largos anos que não passava um dia sem me desligar do mundo e sem teclar. Acordar sem o despertador do telemóvel não foi uma novidade uma vez que estou de férias mas é sempre bom. Estranho é, abrir os olhos, pegar no telemóvel e ao carregar no botão de desbloqueio perceber que estava desligado. Logo me lembrei que aquele dia ia ser diferente, desde logo, pelo facto de não passar uma meia hora a ver o que aconteceu pelo planeta fora nas redes sociais durante aquela noite. Levantei – me e fui fazer o que já não fazia à algum tempo, dar uma corridinha pelas ruas da minha zona. Chegado a casa não podia publicar que fiz 45 minutos de corrida, não é que o costume fazer, mas de qualquer das formas não podia mesmo 🙂
Saí novamente de casa, fui passear o meu cão que há muito não dava um passeio tão grande. Acabei por reparar que nestas férias, muitos muros foram pintados e já se notavam umas diferenças, mais não fosse porque estamos em ano de autárquicas… mas, fora isso, as pessoas eram as mesmas que me dão os bons dias a qualquer altura, mesmo quando ando colado ao telemóvel pela rua.
O almoço teve o protesto da minha avó, ela bem queria ver o Goucha mas eu achei que devêssemos desligar tudo e ouvir apenas as pessoas e o tilintar dos talheres.
Há tarde, li 2 capítulos da grande obra “Os Pilares Da Terra” de Ken Follett e tenho de confessar que já não o fazia desde junho!!!
No final, podia ter ligado aos meus amigos para marcar uma tarde divertida mas a única solução foi sair de casa e ir mesmo a casa deles perguntar se não queriam jogar umas partidas de poker e bilhar. E assim foi, apostas e tacadelas mais tarde, e “cansado” de os ouvir dizer, “tu não estás bem, porque fazes isso?”, voltei a casa e deixei a obra de Ken Follet a 3 capítulos do seu final. Jantei ao estilo do almoço e à noite fui caminhar com os meus pais como há muito não o fazia.
P.S. O meu pai não é muito dado a andar a pé !Confesso que adormeci na ansiedade de me voltar a ligar ao mundo e com uma vontade imensa de saber o que se passou neste dia, mas só dia 16 ficaria a saber.
Descobri que afinal tinha muito tempo, para ler, para sair, para pensar, para falar e descobri que o dia é bem maior sem as tecnologias.
Certamente vou diminuir o uso das mesmas nem que seja apenas nos próximos dias, mas vou.
Valeu verdadeiramente a pena, e espero que a Bea lance mais desafios que mudem a nossa maneira de ver o mundo.
Quanto à pergunta dos meus amigos, faço – o porque sei que é errado a forma como passo grande parte dos meus dias, aliás como passamos grande parte dos nossos dias! Espero que a seguir a esta geração cordão, venha uma menos ligada um bocadinho mas é só esperar, porque não acredito que assim seja.Mário Ferreira, 16 anos.
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