Quando escrevi o texto sobre o machismo com as mães, nunca pensei em debater este assunto do relacionamento positivo. Na minha cabeça, não fazia sentido de outra forma, mas, pelas mensagens que recebi e pelas preocupações que senti no encontro das Mães do Porto (Mom Date – Porto), achei que trazer este tema era mais do que justificado.
Eu e o Pedro discordámos muitas vezes quanto à educação dos nossos filhos. Ele foi educado de uma forma e eu de outra e ambos temos visões diferentes do que seria a “educação” perfeita dos nossos filhos. Muitas vezes ele tem razão e noutras sou eu que a tenho (mas mais que ele, claro!!).
Antes de sermos pais já éramos um casal e já éramos seres individuais
Muita gente esquece isto depois de ser pai/mãe. A prioridade principal é a criança que nasceu e tudo o resto se tornou acessório – por vezes até o/a próprio/a companheiro/a. Eu própria senti isso aquando do nascimento do meu miúdo mais velho. A distância que me separava do Pedro contribuiu para isso. Depois quando começaram a crescer comecei a dar mais importância aos meus projetos pessoais, profissionais e na minha realização emocional. Muita gente acha que ter filhos é castrador da realização de sonhos e eu tenho a plena convicção que em nada os filhos podem atrapalhar a nossa realização pessoal e profissional se estivermos em equilíbrio na nossa relação de casal ou, em caso de ser uma família monoparental, ter uma base de ajuda e suporte grande.
Uma boa parentalidade torna a criança num melhor ser humano.
Eu sou uma mãe que acredita que a forma como somos como pais condiciona a forma como os nossos filhos serão no futuro. Se lhe dermos responsabilidade desde cedo, eles serão adultos responsáveis. Se os deixarmos experimentar coisas novas, eles vão ser mais destemidos e aventureiros. Se lhe incutirmos que devemos agradecer uma dádiva, serão gratos, e por aí fora. Por isso, de igual forma que nos preparamos para casar ou para viver juntos: escolhendo a casa, os lençóis ou as alianças; quando quisermos ser pais deveríamos aprender não só como se respira no parto mas sim como iremos educar os nossos filhos. Encontrei essa lacuna quando estava grávida: todos os cursos de preparação para a grávida, focam-se no aspeto “parto” e “cuidados ao recém nascido” e não na mais importante tarefa enquanto pais: a parentalidade.
Relacionamento bom vs Relacionamento mau
Esta parte é um pouco subjetiva. Para mim a concepção de bom relacionamento pode não ser exatamente igual à sua. No entanto, acho que há coisas em que o bom-senso impera. Neste relacionamento “bom” tem de pautar o respeito mútuo, a cumplicidade e sobretudo a amizade. A forma como os nossos filhos nos vêm interagir com os outros, especialmente com quem mais amamos, vai também condicionar as suas relações no futuro.
Casais com horários e metas/objetivos diferentes
Sair o euromilhões, viajar durante um ano e comprar uma casa na Avenida do Brasil é o sonho de muitos casais (sobretudo os do Porto) – mas os contos de fadas só acontecem na Disney. Na realidade, muitos dos nossos objetivos, metas e prioridades são bastante mais realistas e podem diferir entre os parceiros. Conseguir equilibrar esses objetivos, fazendo cedências pontuais ou atrasar alguns desses objetivos em prol dos objetivos do outro (ou dos filhos) é o pão nosso de cada dia. Eu, quando engravidei estagnei o meu curso. Depois voltei a retomá-lo.
O Pedro deixou para trás uma formação em futebol e viveu em Santarém durante longos meses, longe de mim e do pequenino Pedro. Agora, com ele perto, pude voltar aos meus projetos pessoais que dão maior realização pessoal.
Discutimos muitas vezes sobre as minhas ausências – que ultimamente têm sido muitas. Falamos sobre os nossos horários e como é dificil gerir tudo. Eu que tenho um horário mais pós-laboral e ele laboral, faz com que o Pedro tenha de estar mais tempo sozinho com os miúdos. Para mim é difícil o facto de estar menos tempo com eles e a constante requisição de novos trabalhos. Esta gestão e pressão contínua desgasta-me e desgasta a nossa relação enquanto casal.
Por favor, não digas que eles perguntaram por mim
O que mais me custa ouvir é quando me dizem pelo telefone, que os meus filhos perguntaram por mim. Fico sempre com aquele sentimento de culpa por não estar com eles.
Como gerir um divórcio ou separação
Esta parte não sei por experiência própria, mas tenho tenho a noção que para ninguém é fácil quebrar as coisas, sobretudo depois de anos de convivência e com filhos à mistura. No entanto, quando o amor e o companheirismo termina, a relação não deve ser mantida apenas “por causa dos filhos”. Desse modo, e porque o foco tem de estar no bem-estar das crianças, acho importante nunca rebaixar e maltratar o outro. Uma coisa são os problemas dos adultos, outra coisa são as crianças.
Por isso, no que diz respeito aos relacionamentos, uma coisa a reter:
Para uma parentalidade positiva e construtiva, temos de ter um relacionamento connosco e com os outros igualmente positivos.
Que acham? Faz sentido para vocês?
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