Saber cuidar da velhice

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Saber cuidar da velhice
Na semana passada fui ao centro do Porto ter um café-conversa com uma amiga. Café que se prolongou até ao almoço e, como ela veio acompanhada com a metade do seu tesouro (o benjamim da família), lá fomos a um restaurante para encontrar uma sopa para tapar a fome do catraio.
Quando nos sentamos, comentamos a antipatia do empregado de mesa ao responder-nos sem o típico sorriso da cidade do Porto.
Mas tudo mudou quando chegou uma senhora dos seus altos 70/80 anos. Vi logo que era cliente habitual pela segurança com que entrou e pelo sorriso de orelha a orelha que trazia. O antipático empregado José comenta:
-“Que bonita está hoje D. Josefina!”
Foi o que bastou para naquele momento, a Dona Josefina ser tratada como todos os velhinhos deveriam ser tratados: com respeito, amor e carinho. Choca-me como hoje em dia, no século XXI se encontrem idosos mortos sozinhos em suas casas.
Choca-me como deixamos que quem cuidou de nós, sozinhos e sem rumo. Como não permitimos que eles sejam felizes com as nossas crianças e jovens mesmo sendo repetitivos, intrometidos e por vezes inconvenientes.
As minhas avós conheceram os bisnetos e quando estiveram/está com eles não têm felicidade maior. O sorriso é genuino quando eles fazem macacadas ou asneiras. O amor é desinteressado e sabem perfeitamente que se lhes derem “porcarias” que ninguém é capaz de lhes dizer nada “por respeito à idade”.
Gostava que um dia, quando for mais velha, que os meus não se esqueçam de mim e sobretudo que se lembrem que eu também fiz, faço e farei qualquer coisa por eles, mesmo sem querer nada em troca.

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