Se há coisa que me recordo da minha primeira infância são os meus avós. Como apenas fui para o jardim-escola com três/quatro anos, lembro-me de brincar com eles, de ir ao mercado municipal buscar o peixe e os legumes, lembro-me de ir ao talho escolher a carne e, por incrível que pareça, ainda hoje algumas das peças de carne que compro são as mesmas e com as mesmas indicações que a minha avó na altura dizia.
Lembro-me de lanchar com eles, de ir aos baloiços e da minha avó “pegar” com o meu avô. E rirem-se muito, muito!
Hoje é um dia que sinto falta deles. Nada é eterno, já sei, mas deram-me a melhor primeira infância que uma menina pode desejar e tenho saudades.
Os meus filhos, infelizmente, já não puderam usufruir dessas regalias. Os meus pais e sogros, como maior parte das famílias contemporâneas, trabalham ou a disponibilidade mental para cuidar dos netos é menor. Talvez também nós pais, como sabemos das dificuldades do dia-a-dia também já não pedimos tantas vezes para os nossos pais cuidarem dos nossos filhos.
Os avós dos meus filhos são mais de quatro e são totalmente diferentes uns dos outros: uns mais rígidos, outros mais carinhosos (sobretudo as avós), uns de sangue e outros de coração (os nossos tios).
A Avó Té (a minha mãe) é a mais divertida. Eles riem-se muito com ela. Gosta de os apertar com beijinhos e faz-lhes a comida que eles gostam.
O Avô Tino (o meu pai) é o mais cauteloso. Chega a ser irritante. “Cuidado!” “Tens de correr devagar” (como se fosse possível!). Cá em casa costumamos dizer que se uma mosca pousar em cima deles que é logo destinada à morte. 😀
A Avó Mena (a mãe do Pedro) é a mais preocupada. Pergunta sempre por eles e está sempre preocupada no bem estar e em agradá-los. (Às vezes o agradar as crianças, não é agradar aos pais. Mas sabemos que é com a melhor das intenções)
O Avô Manuel (pai do Pedro) é o dealer. Ele “negoceia” gomas, o iPad, sumos, canjas, cromos de futebol, cadernetas, chupas. Já perceberam a ideia, certo? Portanto faz a gestão de recurso. Normalmente também consegue negociar as birras usando as mesmas armas de arremesso.
A Avó Nhanha (a minha madrinha) é uma avó de coração. Está sempre também a perguntar por eles, a pedir para vê-los e a mandar coisas que fazem mal para eles que acabam no meu estômago! Até já mudou de clube de futebol por causa dos putos. Mudou pra melhor, claro
O Tio Luís (o meu padrinho) também é um avô de coração. Apesar de agora já ter um neto de sangue, sempre nos disse que gostava dos miúdos como netos. Ele é uma pessoa com uma personalidade muito muito alegre – está sempre a cantar, a contar piadas e a torcer/instigar pelo BENFICA.
Todos eles fazem parte do quotidiano dos meus miúdos e eles só irão perceber o quão sortudos são quando chegarem a adultos e se lembrarem de todas aqueles pequenos mas GRANDES momentos que vão passar com todos eles.
Parece inacreditável, mas não tenho memórias nenhumas da minha primeira escola, apenas tenho memórias dos meus avós.
Um feliz dia dos avós. Do colo, dos beijinhos, das carícias, das tardes de sesta, das corridas ofegantes no parque, das canjas, dos doces e sobretudo, do amor que é também incondicional.
Obrigada aos nossos seis avós.
(créditos fotográficos: Tinytoes Photography
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