Foi no dia da Família que encontraram na minha cabeça o meu primeiro cabelo branco. Nunca tive, nem tenho medo da velhice, muito pelo contrário, mas o que é certo é que aquele fio descolorado da minha cabeça me fez pensar no sentido da minha vida.
Há dias partilharam comigo uma citação de um livro que para além de me recordar, sempre, aquele maldito cabelo me fez concordar que devemos ser uma pessoa por inteiro.
Normalmente, depois da maternidade, as mães tendem em esquecer-se de si próprias, o que é normal e adequado à nova dinâmica familiar. Há prioridades para cumprir, banhos e mamadas para dar, consultas de pediatria de 10 em 10 dias para pesar o bebé e aqueles 10 minutos de repouso são de mama de fora com o bebé a deglutir.
Ser mãe, é sem dúvida uma dádiva maravilhosa da natureza dada às mulheres, mas antes de serem mães, as mulheres são pessoas. Esse estatuto pesado e irreversível de mãe, não pode nem deve condicionar as mulheres a serem, a fazerem e, claro, a assumirem as suas responsabilidades como ser pensantes, livres e sobretudo emocionais.
O facto de as mulheres conseguirem a emancipação, deu a oportunidade a todas de decidir o nosso próprio caminho e destino para a felicidade. Se, para ti é importante ficares com os teus filhos em casa, para ajudar na sua educação, no seu desenvolvimento e se te sentes feliz e realizada com isso, muito bem.
Mas se tens de trabalhar, se te sentes culpada por os deixar entregues a terceiros em que depositas toda a confiança, respira fundo. Darás aos teus filhos o exemplo que é através do trabalho, do esforço e da persistência que se consegue, no mínimo, pagar as contas. Mostrarás, sobretudo se tiveres uma filha, que ela é livre. Que ela poderá ser o que quiser se trabalhar e der o litro. Porque, podem acreditar, nós, mulheres ainda temos muito mais que trabalhar para receber o mesmo reconhecimento e vencimento que um homem.
Darei sempre o melhor de mim, pois agora, sinto-me livre e inteira. E tu podes sentir o mesmo.
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