As minhas gajas. Começamos a partilhar os nossos conhecimentos por causa de um projeto em comum sobre as mulheres. Os vários encontros que fizemos foi por causa desse projeto. Fizemos várias fotos, graças ao João. O projeto não andou por causa de vários problemas e nós as quatro já não nos reunimos, juntas, há mais de um ano. Vou-me encontrando com uma ou com outra, pontualmente por diversas causas, mas nunca mais estivemos as quatro. Mas mesmo assim, continuamos a suportar-nos, umas às outras nos mais variados projetos individuais.
A Carina
A Carina escreve para este blog sobre uma coisa que é tão maltratada nos dias de hoje – a relação entre o trabalho e a família. Tem lutado, mesmo já não tendo bebés pequeninos, para que os pais e mães deste país tenham direito a uma licença parental de seis meses pagos a 100%. Não tem sentido nenhum, promover-se o aleitamento exclusivo até aos seis meses e no efeito prático, quase ninguém conseguir mantê-lo porque, aos 4/5 meses tem de se deslocar para o trabalho. E assim, já lançou uma petição, que foi assinada por milhares de pessoas que foi em vão, porque na altura, a vontade política não estava para aí virada. Mas mesmo assim não baixou os braços – arrancou com uma Iniciativa Legislativa do Cidadão. E esta, se conseguir as 20 mil assinaturas será legislada e assim, todos podem ter acesso a esta regalia. Para acederem à iniciativa, basta clicar no link aqui.
A Rita
Comprou, juntamente com o João, um bilhete de ida, sem volta para o Havai. Desde que chegaram, ainda não deram grandes notícias, o que me faz querer que eles estejam a curtir muito as praias ou, não e já foram engolidos pelo vulcão. É aquela gaja que eu digo mata, e ela para além de matar ainda esfola. Vegan por convicção, arranja sempre um amigo do catering dos eventos e permite-se que, em plena WebSummit tenha melhor tratamento que o Blair. Incrível o que uma mulher do norte consegue fazer. Agora, mais a sério, sigam o João e a Rita, ou a Rita e o João, no Instagram do Hippie and Corporate. 🙂
A Romana
Não nascida aqui, mas entranhamente daqui, já que as suas filhas são mais do Porto que o próprio Pinto da Costa (o que esta frase deve ter alegrado o José, meu deus!). É a minha zuquinha do coração. Trabalhadora como ninguém tinha vários projetos ligados ao povo brasileiro e a sua relação com o nosso país. Fizemos várias fotos na casa dela, comemos hambúrgueres vegan na casa dela e ela está sempre pronta a ajudar. Raras foram as vezes que não deu ombro amigo quando precisei, raras foram as vezes que não vi o seu bruto potencial. Mas o diamante que eu, e tantas como eu, vimos, desabrochou num lindo projeto de ajuda a mães. Doula de pós parto é o que a Romana se tornou. E se para algumas isso significa nada, para mim, significa tudo. Ora leiam:
Minha filha mais nova tem quase 3 anos, o que quer dizer que, tecnicamente e de acordo com todas as definições médicas possíveis, o meu puerpério já acabou há, pelo menos, mais de 2 anos e meio. No entanto, não é assim que me sinto. Não é assim que boa parte das mulheres se sentem. Por mais que percam os quilos adicionais da gravidez, que retornem ao trabalho, “às atividades de antes”, há sempre algo que fica a orbitar e, definitivamente, não é como antes. Deveria ser?
Sinto e vejo que existe uma grande preparação para o parto, aquele que é O evento, que muda tudo. De fato muda, mas tudo o que vem depois dele é sublimado neste processo. “Ninguém me disse que seria assim” é só das frases que mais ouço, em tom de desabafo cúmplice, desde que iniciei esta jornada. Criam-se enormes expectativas sobre o bebé, com quem parecerá, que gracinhas fará, mas ainda há pouca realidade sobre o resto, sobre o que acontece com a mãe e sobre como essa pode ser um percurso incrivelmente solitário, mesmo quando se está sempre acompanhada. RN
Já fez agora sentido para vós este serviço de Doula? Para mim, faz. E, nós, mulheres, devemos ser um pouco doulas umas das outras: devemos suportar os projetos umas das outras, devemos olhar para o outro com generosidade. Porque, e adaptando um célebre anúncio publicitário, se nós não nos apoiamos, quem apoiará?
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