[este texto contém linguagem e conteúdo sensível mas totalmente propositado dado o tema]
A Verónica foi morta por este mundo filho da puta. Um mundo em que um vídeo erótico ou pornográfico chega aos teclados de alguém que trabalha na mesma empresa que a Verónica e que cobardemente o transmite para outros sem pudor.
A Verónica foi morta por aquelas homo sapiens sapiens fêmeas (que de mulheres não têm nada) que a gozaram, perturbaram na casa de banho e a insultaram por praticar sexo com o anterior companheiro.
A Verónica foi morta pelos homens pequeninos. Foi morta pelos homens que se riram, pelos que partilharam, por aqueles que depois de verem o vídeo, o expuseram, a assediaram e pediram para que ela lhes fizesse favores sexuais. E ainda aqueles que tiveram o desplante de enviar para o marido e toda a sua família.
A Verónica foi morta pela empresa em que trabalhava que não soube agir com verticalidade e com a rapidez necessária para proteger aquele assédio moral, físico e sobretudo emocional.
A Verónica foi morta pelo julgamento. Morta pelo machismo. Morta pelo preconceito de que se um homem faz sexo é um garanhão e que uma mulher é uma puta, uma galdéria, uma badalhoca.
A Verónica matou-se. Suicidou-se e deixou dois filhos.
A Verónica sou eu. Apenas uma mulher.
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