[opinião] A economia dos segundos filhos

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[opinião] A economia dos segundos filhos

Toda a gente sabe que se compra tudo e mais alguma coisa quando se prepara a chegada do primeiro bebé. Os seguintes ficam bem mais baratos, e não é só pela herança com que já nascem – mas, principalmente, porque “o primeiro é de vidro e o segundo é de borracha”.

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os meus filhos

 

O primeiro filho ainda não nasceu e já tem instalado no seu quarto (reparem que até já tem um quarto, mobilado-qual-Querido-Mudei-a-Casa) um complexo sistema de som áudio-visual, com sensor de movimentos e visão noturna! – Não vá o miúdo querer presentear os pais com umas sessões de cinema noite adentro, que irão assistir de camarote, da mini-TV instalada no seu quarto, comodamente deitados na sua cama, enquanto o puto berra no quarto ao lado… Quando quiserem, é só premir off.

O segundo já não tem direito a um sistema topo de gama, última geração, high-teck. Contenta-se com aquele que ainda houver – se é que já não se tenha estragado. Se calhar, pensando bem, nem vale a pena instalá-lo, já que os miúdos berram bem e dormir na cama dos pais acabou por ser a melhor solução para acabar com a carreira de petit cineasta.

 

E, nesta linha, os berços e as camas têm o mesmo destino. O primeiro dorme na alcofa que a madrinha ofereceu até aos 15 dias de vida; daí até aos 2 meses dorme no berço cheio de fru-frus e rodinhas que a avó fez questão de comprar e bordar só para não ficar atrás; aos 2 meses tem de ir para o quartinho (há que dar uso às coisas, afinal!) e dorme na cama de grades que se transforma em secretária, mesa-de-cabeceira, roupeiro, cama de miúdo crescido, e que a marca XPTO promete que é capaz de dar guarida até ao cachopo sair de casa aos 30 anos.

O segundo dorme no quarto dos pais e dali já vai direto para a tropa.

 

E as banheiras?! Aqueles móveis com banheira, trocador e cómoda incorporados, que ficam tão bem lá num canto qualquer do quarto – embora nunca caibam muito bem e tem de se inventar mil e uma maneiras de lá o enfiar, porque o menino precisa de tomar banho no quarto!!! – Alguém usa uma coisa dessas nos filhos seguintes?! Claro que não. A criança toma banho de chuveiro desde a maternidade. Ou se calhar nem toma; toma menos vezes que também não se suja assim tanto nem morre por isso.

Uma mãe com dois ou mais filhos tem lá tempo para acartar água para o quarto; verificar com termómetro se a água está a 37ºC – nem mais meio nem menos meio! –ir buscar mais água para ficar exatamente nos 37; dar banho à pressa ao miúdo enquanto o mais velho tenta chapinhar (leia-se: ajudar…); secá-lo e vesti-lo (os cremes, entretanto, ficam para o próximo banho dali a uma semana – afinal já não é um a berrar, são dois ou três); e depois acartar a água toda de novo para a casa-de-banho…

Soluções de guerra: encaixa-se a banheira da criançada na banheira dos crescidos e tomam todos banho ao mesmo tempo. Economia de tempo e dinheiro.

Por falar em vestir… Os filhos seguintes herdam a roupa toda do primeiro. Se o segundo for um menino e o primeiro tiver sido uma menina, só não usa os vestidos. De resto, dá-se um jeito. Bodies cheios de laçarotes e folhinhos cor-de-rosa, incluídos. Se forem de estações diferentes, a coisa torna-se ainda mais interessante.

Só há uma coisa que acumula. Os brinquedos! Quase que é preciso arranjar um quarto para os brinquedos: o quarto dos brinquedos. Há quem arranje… Quem não o faz, trata de espalhá-los pela casa dos familiares mais visitados (normalmente os avós) ou vai fazendo desaparecer alguns – alguns em particular, aqueles… que piscam, tocam, apitam, cantam, gritam… aqueles que não se calam.

Do primeiro guardou-se tudo religiosamente. O segundo já não irá usar nem metade daquilo que se guardou e, o que usar, há-de ser para aí um terço das vezes. Do segundo para o terceiro, há ali uma ânsia de fazer desaparecer aquilo que, afinal, nem é assim tão preciso. Ou, se calhar, desaparece sozinho – desconfio que os dois pares de pernocas pequeninas terão algo a ver com o assunto.

Ainda não fui ao terceiro, mas desconfio que esse só precisa de uma mama – não podia terminar este post sem falar em mamas!

Desafio-vos a listar outros exemplos.

Filipa dos Santos

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