Descobri Montessori em 2011 no Equador, ao conhecer uma jovem de 20 e poucos anos, absolutamente fantástica. Com uma forma de ser tranquila, um raciocínio muito prático, lógico e objetivo, com uma capacidade de resolução de conflitos incrível e uma harmonia em todo o seu ser. Fiquei com uma enorme vontade de perceber como tinha “chegado a ser assim”!!
Percebi que tinha aprendido até aos 17 anos, num Centro Experimental Pestalozzi, com Mauricio e Rebeca Wild, e que a Rebeca tinha formação como guia Montessori (Londres) e que no “Pesta”, como lhe chamavam, tinham por base a psicopedagogia Montessori.
Quando lá estive o projeto já tinha dado muitas voltas e encontrava-se na comunidade Leon Dormido. Fui conhecê-los e nem perdi tempo, fiz logo uma formação com eles.
Apaixonei-me perdidamente quando os ouvi e quando finalmente conheci os ambientes preparados!Eram pessoas deliciosas, com tanta experiência, sabedoria, conhecimento de uma vida dedicada à educação, a estudar e a compreender como é que aprendemos, desenvolvendo ambientes e meios para proporcionar esta aprendizagem.
Os espaços eram lindos, arejados, cheios de luz, com o sol a entrar por todos os lados, num ambiente acolhedor, onde a madeira era o material principal. Os materiais organizados e bonitos, numa simplicidade que dava uma curiosidade incrível em perceber para que é que serviam, sendo difícil controlar as mãos para que não mexessem em tudo.
Como teria sido bom ter aprendido num espaço assim, onde pudesse explorar e conhecer o mundo, ter tudo à minha altura, poder seguir os meus interesses, aprender ao meu ritmo, não ser comparada nem validada pelo que a maioria conseguia ou não fazer… num ambiente onde tudo era tão interessante… aqui o difícil era ir embora.
Pois bem, o fácil é de facto estar na ignorância, depois de conhecer alternativas assim, tinha mesmo de saber e conhecer mais. De regresso a Portugal e em estado de graça, a responsabilidade era grande!
Não foi fácil encontrar a formação certa, onde fosse realmente conhecer o que Maria Montessori descobriu há mais de 100 anos, mas encontrei uma formação AMI e descobri um mundo maravilhoso, em que o que mais queria era poder partilhá-lo, para que todas as crianças beneficiassem de espaços de aprendizagem ricos, onde pudessem desenvolver todo o seu potencial, em segurança, sentindo-se acolhidas e respeitadas.
Gradualmente comecei a introduzir mudanças em mim e à minha volta, e o primeiro passo foi sem dúvida a observação.
“Ajuda-me a fazer por mim mesmo” é uma das máximas de Maria Montessori, referindo que as crianças têm um enorme potencial e que a educação deve ser uma ajuda à vida e não um obstáculo à aprendizagem. Quando fazemos pela criança aquilo que ela pode fazer por ela mesma, estamos a ser um obstáculo à sua aprendizagem, não lhe permitindo experimentar a alegria de conseguir levar a cabo uma determinada tarefa/aprendizagem por si mesma.
As crianças têm um potencial enorme, Maria Montessori fala-nos da mente absorvente, que representa a capacidade inata e indiscriminada das crianças absorverem o mundo em seu redor até, mais ou menos, aos 6 anos de idade. Como verdadeiras “esponjas”, as crianças absorvem o mundo com uma voracidade e entusiasmo atroz. Se lhes damos um mundo rico, imaginem tudo o que estamos a semear. Por outro lado, se lhes proporcionamos um mundo pobre, o que estamos a desperdiçar.
Maria Montessori chamava-lhes os anos dourados e a Universidade de Harvard desenvolveu inúmeros estudos que vêm corroborar esta informação. Sendo como se dos alicerces de um empreendimento de uma vida se tratasse, o que semeamos nestes anos dourados.
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