Montessori: Educação para a Paz

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Montessori: Educação para a Paz

No outro dia, numa Escola Montessori, participava na celebração da 5ª volta ao sol de um menino. Este contava que aos 3 anos tinhas mudado de escola, estava muito feliz nesta escola referindo que o que mais gostou nesta mudança, foi que aqui ninguém lhe batia, tinha imensas atividades interessantes e que podia escolher com o que queria trabalhar.

Achei delicioso, mas fiquei em choque quando ouvi “gosto muito de estar aqui porque ninguém me bate…”. Realmente como é que esperamos que uma criança goste da escola, se entusiasme por aprender, se a cada passo tem estar a olhar por cima do ombro a ver se alguém lhe vai bater… é claramente a lei da sobrevivência, e na pirâmide das necessidades se a segurança não está garantida, como é que posso aspirar a outros patamares?

Confesso que estas questões mexem comigo, e questiono o papel dos educadores, e confesso que me incomoda ouvir: “o mundo é uma selva, tens de te defender!”

Ainda a propósito, no outro dia numa festa de aniversário, onde num apartamento simpático estavam cerca de 15 crianças de diferentes idades, e de repente uma pequena bate a uma maior, esta permanece imóvel e começa a chorar. Quando as mães se apercebem tratam de rapidamente separar ambas criaturas, a maior em choque e a mais pequena sem perceber exatamente o que tinha acontecido. A mãe da mais nova tenta mostrar-lhe que este comportamento magoa e deixa a outra triste, levando-a a desculpar-se. A mãe da mais velha, com a melhor das intensões diz-lhe: “Defende-te, bate-lhe, tens de te defender!!!”

Compreendo que nenhuma mãe gosta de ver sofrer um filho e sente que de alguma maneira lhe deve ajudar a encontrar ferramentas para se defender, mas contra atacar, não é de todo a melhor defesa.

E perguntam vocês, então o que deveria fazer?

Pois eu não tenho as respostas milagrosas, tenho a minha experiência e o que vou vejo e leio, e confesso que defender-se, SIM. Às vezes algo como colocar um braço à frente, separando o nosso corpo de quem agride, afastar o outro, sair da situação e dizer ao outro: “PÁRA!! Não gosto que me batas, isso magoa.” Expressar-se de forma racional e não de forma violenta. E se não consegue solucionar sozinha, procurar ajuda.

Sermos capazes de dizer o que sentimos é um trabalho longo, mas é de pequeno que se começa, e podem imaginar o quão delicioso é ouvir um ser de 5 anos dizer: “Não gosto que me sirvam, obrigada, prefiro servir-me sozinha!”… bem, rapidamente, de forma clara e assertiva coloca qualquer um no lugar, crianças e adultos…. E não, não é uma falta de respeito, é o expressar um sentimento e uma necessidade, é bem melhor que desatar a gritar e bater com os pés no chão!!

Claro que há situações em que isto pode não ser exatamente assim, e o que a criança necessita não poder ser naquele momento, mas podemos responder-lhe da mesma maneira: “Compreendo que prefiras servir-te sozinha, mas sei que se o fizeres vais apenas servir-te do que mais gostas e é importante que tenhas uma refeição equilibrada, pelo que te podes servir sozinha primeiro e se eu vir que falta algo acrescento!”. E assim cada um tem oportunidade de expressar o que sente, pensa, receios, ansiedades e a comunicação flui.

Sim, a situação pode não ser bem recebida, e muitas vezes há na mesma birra e frustração, mas será com certeza menor e faz parte do crescimento e processo de maturação.

Desta forma respeitamos a criança, o seu crescimento, desenvolvimento, necessidades, falando de igual para igual!

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