Não há mãe à face da Terra, Lua ou Marte que não ame incondicionalmente os seus filhos. Não há mãe que não se lembre do seu filho recém-nascido, de alguma primeira conquista ou do primeiro dia de escola. Não há mãe que não saiba qual o prato que o seu filho mais gosta ou qual é a sua atividade de tempos livres preferida. Não há mãe que não saiba qual a dose de paracetamol adequada ao seu bebé quando está doente – nem que isso implique ir procurar a bula no INFARMED.
E quando algo corre mal, não há mãe que não se culpe.
A culpa, essa mania sobretudo das mulheres e inerente das mães, é algo que acompanha o cérebro feminino.
Se não estamos tempo suficiente com os miúdos, culpamo-nos. Se não formos bem-sucedidas no trabalho, culpamo-nos. Se não formos nós a ficar em casa com os miúdos doentes, culpa-mo-nos.
Já não bastava o nosso incansável cérebro a culpar-nos a cada batimento do nosso coração, há todo um esquema social montado para criticar a mãe, como se dum ser inferior se tratasse. Reparem que até para o insulto se diz: Tu és um grande filho da mãe e outros adjetivos pouco abonatórios da mulher.
No mercado de trabalho, o pai que pretende usufruir dos direitos parentais em pleno, por exemplo, a licença quando o descendente está doente, é infligido, quase sempre, pela pergunta: “E onde está a mãe?” ou “A mãe está fora?”.
Quando os meus filhos eram bebés, senti muita culpa. Sentia culpa por estarem doentes: insistiam comigo para os agasalhar e eu, fazia ouvidos de mercador; sentia culpa por não conseguirem dormir uma noite seguida: diziam que era por causa da amamentação e do vício da mãe; sentia culpa por ser uma mãe inexperiente, … (sim, é estúpido, ninguém nasce ensinado).
Com o tempo fui aprendendo a relativizar, a fazer pedagogia ao meu próprio ser e fazer quase um mantra psicológico (em vez de huuummmm huuuummmmm dizia: a culpa não é tua, parvalhona! A culpa não é tua!).
Agora, quando me tenho de ausentar, sei que eles ficarão bem com o pai, com os avós e até na escola. Tento compensar, quase diariamente com pequenos momentos com eles ou com um ou outro dia sem ir à escola.
Agora, quando acontece algo que eu não controlo ou não é consequência de nenhum ato meu, não me culpo.
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