A verdadeira prejudicada de toda a pandemia: a criança

A verdadeira prejudicada de toda a pandemia: a criança

Março de 2020, começa o confinamento geral. Proibição de circulação. Proibição de convívios. Escolas fechadas, empresas a tentar laborar em teletrabalho, mães e pais arrastados para casa.

Março de 2020 começa o prejuízo dos mais pequenos. Começamos a percorrer caminhos que promoveram a desigualdade e que são bastante sombrios.

Por exemplo:

Acesso gratuito à educação: quem tinha a possibilidade de ter dispositivo eletrónico para assistir às aulas (e, claro, ligação à internet) teve a facilidade de conseguir cumprir com a sua presença na escola. Quem não tinha ficou sem este direito, pelo menos, duas semanas – altura em que o Governo se “apercebeu” desta lacuna. No segundo confinamento, em 2021, ainda alguns destes problemas persistiram.

Nesta alínea, também referir que os alunos do ensino particular não tiveram qualquer regalia ou benefício, mesmo em agregados familiares com rendimentos baixos.

Direito a brincar: também em Março foram fechados parques infantis e que só foram reabertos em 17 de março de 2021 (sim, um ano após o encerramento e muito depois dos restaurantes abrirem).

Todos nós pedimos um esforço às crianças. para protegermos os mais velhos de quem também gostamos muito. Mas e agora? Mudou alguma coisa?

Não. Continua-se a prejudicar as crianças mesmo com a maior taxa de vacinação do mundo inteiro. E porquê, apesar de existirem evidências científicas que as crianças até aos 10 anos são pouco transmissoras e portadoras do vírus1?

Continua-se a fechar escolas aos pais para a sua adaptação, obriga-se, “recomendando”, o uso da máscara no primeiro ciclo do ensino básico.

Mas o que mais me intriga nisto tudo é a posição das escolas.

As escolas que continuam sem fornecer uma bola no recreio para as crianças brincarem. Escolas que acatam estas regras que pouco dão dignidade à condição emocional das crianças, crianças essas que estes estabelecimentos de ensino prometem proteger e acautelar o seu futuro, na mui nobre arte de educar. Porque ao contrário do que se diz na gíria2, na escola educa-se e ensina-se.

1Goldstein E, Lipsitch M, Cevik M. On the Effect of Age on the Transmission of SARS-CoV-2 in Households, Schools, and the Community.

2Na escola ensina-se, em casa educa-se.

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