Já passava meia hora depois da hora da Cinderella, mas a minha correspondente continuava a escrever-me. Não tenho problemas com que me escrevam a essas horas. Adoro o silêncio que a noite me traz, mas esta conversa, esta conversa não me trouxe vazio.
Nunca o disse que o amava, mas as suas palavras escritas transpiravam amor, cumplicidade e companheirismo. Contou-me que ele desistiu de uma carreira importante para seguir a felicidade que nunca esperou – o tão chamado “sonho” de trabalhar no que realmente o faz sentir realizado.
Autodidata, mestre nas madeiras, pai dedicado e companheiro desta mulher que me inspirou, tinha um mestre que o inspirava a ser melhor. Esse mestre, um dia, recebeu, às escondidas, uma carta.
Carta essa escrita pela companheira de vida dele a dizer-lhe o quão foi transformador para a vida do marido e, ele, amavelmente respondeu, incentivando-o a ser melhor, todos os dias.
Desde então, ele persegue o seu sonho. A madeira.
Fiquei a conhecer esta família melhor: e sabem o que me motivou? O amor, essa besta que transforma tudo. Põe tudo tão díficil mas tudo é tão recompensador, tudo tão sincero e honesto – tudo olhos nos olhos.
Ele chama-se António. Ela, Fátima.
E eles são felizes.
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