Há certas coincidências que ocorrem na nossa vida que parecem obra de um Ser Todo Poderoso – ou do acaso, se formos mais céticos. O que é certo é que esses fenómenos do aleatório nos surpreendem e fazem de nós mais felizes nesses momentos.
Foi assim que me senti quando fui surpreendida pela menção de que tinha ganho a inscrição simples no programa “Engravidar Naturalmente” da Bárbara.
Montes de vozes entoaram na minha cabeça imediatamente sobre o porquê da minha inscrição, o porquê de remexer num assunto que ainda dói, num tema que apesar de não estar fechado, pois gostaria imenso de ter outro filho (três é a conta que Deus fez, certo?) mas que estava suspenso durante um tempo indeterminado para a minha recuperação física e psicológica.
No entanto, quase de forma instantânea, comecei a pensar na oportunidade e que este programa, para mim, poderia ser isso mesmo, uma oportunidade – não para engravidar em efectivo, mas sim, para me conhecer melhor; para conviver com outras mulheres que tenham interesse em explorar o seu autoconhecimento, a sua autoestima e formar, também, a minha nova aldeia.
Dia 1 – quando recebemos as comunicações digitais e criamos o grupo de whatsapp
Estava mesmo em êxtase de conhecer estas minhas novas companheiras de jornada. Tudo começou com a notificação da criação do grupo do whatsapp. Comecei por olhar para as fotos de perfil de cada uma – uma parte por receio de encontrar alguém que conhecia pessoalmente; outra porque sou mesmo curiosa em relação a estas coisas. A Bárbara envia-nos as boas-vindas (com direito a vídeo e tudo!) e pede-nos para nos apresentarmos respondendo a algumas questões informais deixando para último a pergunta: “Se recebesses agora um positivo, como melhoraria a tua vida?”
pa-ni-quei.
Porque constatei dois factos: que em 2020 tive dois testes de gravidez positivos, mas nenhuma destas gravidezes se efetivou num novo ser e que o meu desejo de renovar a minha maternidade continuava real – embora com o peso de saber que não conseguiria, psicologicamente superar uma nova perda gestacional.
Decidi ser honesta comigo própria e com as outras mulheres dizendo que “era muito importante para nós. Não só porque eu e o meu marido passámos por várias perdas gestacionais mas também porque estamos os dois empenhados e preparados não só para a gravidez mas para uma parentalidade consciente e positiva do novo ser.”
o espírito da tribo
Continuamos a falar no WhatsApp. Nada de muito intenso ao nível das constantes mensagens, mas acho que foi uma via de comunicação muito importante para definir a nossa tribo de 8+1. Alinhámos ideias e falamos de autoconhecimento. Sabemos que todas nós temos muitas coisas em comum e que temos expectativas muito semelhantes neste programa – o autoconhecimento e o autocuidado. É bom ver mulheres jovens a investir em si próprias e ver os companheiros a fazerem parte desta jornada, também. Muito interessante, mesmo.
Todos as semana tínhamos um vídeo para ver sobre vários temas (conhecimento do corpo, fertilidade, hormonas e processos entre outros) , e todos os meses uma sessão em direto sobre o tema da semana. Confesso que dado à minha indisponibilidade aos fins de semana (na altura trabalhava num programa de exterior ao fim-de-semana) me condicionou a participação nestas sessões e que na única que participei estava emocionalmente tão frágil que acho que as minhas companheiras de jornada acharam que era uma chorona.
o que eu aprendi
Aprendi que, como em tudo na vida, para ter uma bem sucedida experiência com a nossa fertilidade temos de nos conhecer. Independentemente de existir gravidez efetiva ou não. De ouvir o nosso corpo, de cuidar dele mas nunca descurar a mente. Ou seja, temos de estar conscientes de que gerar uma vida é muito mais do que o ato de consumar o amor entre duas pessoas mas sim uma exigência física, mental e emocional muito grande e que nos devemos preparar enquanto mulheres e enquanto casal para isso.
Quanto a mim, continuo sem engravidar, por opção, mas sei que algumas meninas já conseguiram o tão desejado positivo.
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